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Perdedor.

Publicado: 08/09/2010 em Mazela
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Soy un perdedor
I’m a loser baby,
so why don’t you kill me?

Beck – Loser

Hoje acordei com o maldito ombro direito ainda doendo. Dói para caramba, bem no osso. O pior é que nem sei como aconteceu, só sei que dói. Espero estar certo quando digo que foi um jeito errado na hora de dormir e não um problema que vem com a idade.

Acho que esse comentário sobre idade já deu. Não tenho nem 30 anos e esse comentário é mais apropriado para quem tem, sei lá, 31. Quando eu tiver 31 quero ser alguém totalmente diferente. Sei que hoje não tenho 30 anos, não tenho esposa, nem filhos, nem carro, nem casa… Acho que não estou indo tão bem assim. Melhor parar enquanto ainda tenho esperança.

Mas a dor no ombro continua.

Já que falei em dormir, ontem dormi tarde pra caramba. Culpa do cochilo que tirei à tarde. Odeio esses cochilos, pois sempre fico com a impressão de ter perdido horas do dia em vão. Perdi horas que provavelmente eu usaria para fazer algo inútil, deixando para depois outras que eu deveria estar dedicando boa parte do meu tempo, mas mesmo assim fico chateado. O que me incomoda é a falta de opção. Se eu tivesse pelo menos sonhado algo interessante, eu poderia dizer que perdi meu tempo, mas que tive algo em troca para contar aos amigos. Porém, é provável que enquanto eu estivesse contando eu perceberia que já esqueci mais da metade e ficaria com aquela cara tola de quem sabe que tem algo engraçado para contar, mas não lembra.

Hoje era para eu ter ido assistir a uma aula do Kung Fu que quero fazer, ter ido sacar meu salário e ter ido pegar o paletó, emprestado, que preciso usar sábado para uma festa que não sei como ir ou voltar porque não tenho carro, nem uma esposa que tenha carro, nem filhos para eu negar dar a chave do carro que não tenho, nem casa para olhar para a garagem e imaginar que ela terá estacionado um dia o carro que não posso comprar. Do Kung fu desisti porque, obviamente, meu ombro dói. O salário? Não fui sacar porque sei que ele some em um dia por conta das contas, então deixando para amanhã posso dizer que passei um dia com grana. Paletó? Por que tenho a opção de ir buscar amanhã e gosto de usar as opções que tenho.

Então, saí do trabalho e vim para casa, certo de estudar um bocado, sem procrastinar, concentrando-me de vez em botar a monografia pra frente. Fiquei em casa e agora estou escrevendo. Que legal, não é?

Apesar de tudo hoje foi um ótimo dia. No caminho para casa não conheci alguém interessante e mesmo assim me apaixonei. Eu me perdi por essa mulher como nunca me perdi por outro alguém. Essa mulher que… essa mulher… que mulher? Mulher do sonho que não tive; mãe dos filhos que não existem; alma da casa que não moramos.

Cheguei em casa e ao perceber que não tinha nada do que imaginei, senti uma dor insuportável. Um homem, de quase trinta anos, triste sem motivo aparente (para quem vê de fora). A dor foi crescendo e crescendo e crescendo, então percebi que não estava triste porque não tinha mulher, filho, carro, casa ou qualquer outra coisa. Era apenas a porcaria do ombro.

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